“Brasil precisa ter debate sobre como fazer sua infraestrutura de dados”



No Brasil desde 2011, o dinamarquês Peter Kronstrom afirma que o País tem um grande potencial e tem algumas 'cartas na manga', entre elas, o incentivo ao empreendedorismo e o espírito inovador e curioso de seu povo. “O Brasil já produzir vários unicórnios para o mundo e tem tudo para produzir muito mais, porque eu vejo muitas organizações, como CDL, Sebrae, Senai tendo grande foco em capacitar o brasileiro, para que vierem realmente empreendedores”, afirma. Ele vê a tecnologia 5G como um “facilitador muito grande”, mas alerta para a necessidade de estratégias de longo prazo compartilhadas. “Precisa ter um debate compartilhado na sociedade de como vamos fazer a infraestrutura de dados, que dados podemos compartilhar, como disponibilizar os dados, e como os microempreendedores, por exemplo, podem usar esses dados para a construção do Futuro”, afirma. Ele fala ainda sobre a necessidade de reconexão do ser humano com a natureza, de ampliar a diversidade e de desenvolver o setor turismo e de agronegócio, de forma sustentável, e “olhando para quem está dentro do País, como os indígenas”. Confira.

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O Brasil está enfrentando um período complicado de crise econômica, quais os perspectivas que o senhor vê? Como analisa o cenário?

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Estou trabalhando no Brasil com o Institute Copenhagem há mais de dez anos, estudando futuros e a nossa análise, eu mesmo amo o Brasil, mas digamos assim, minha lua-de-mel já passou, né? E nossa análise para um cenário de futuro, é que o Brasil tem todas as cartas na mão para realmente virar um país muito grande no futuro, né? E a meu ver a carta na manga que o Brasil tem é seu povo, um povo muito aberto a tudo que é novidade, e um povo muito curioso. Esses são coisas muito boas. Mas precisa colocar um foco e mesmo colocar na pauta o futuro, e não só para os políticos decidirem. Precisa colocar todo mundo na mesma mesa, tanto setor público, quanto privado, e ai ter esse debate do que queremos para o Brasil no longo prazo, para realmente atingir todo o potencial que tem. Mas eu vejo que precisa de uma economia forte, e tem muito potencial especialmente pelo tamanho e pelo mercado interno.

O senhor falou em algumas cartas... Quais seriam essas cartas?

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O povo super inovador, muito aberto a novidade, muito curioso para implementar tecnologia, tanto que o Brasil é muito bem posicionado em usar aplicativos, usar dispositivos eletrônicos. Eu acho também aqui, na pandemia, o povo brasileiro se mostrou capaz de se adaptar muito rápido a novas tecnologias e novas padrões de consumo. Eu moro em São Paulo e vejo como explodiu a venda online e esse sistema de entrega em casa. Então, nos últimos dois anos, vimos que a pandemia trouxe de bom para Brasil a aceleração do futuro. Muito em educação online, saúde preventiva também. Então acho que o ponto pandemia acelerou muitas coisas, que talvez íamos ver acontecer em 10 anos e até uns 15 anos, mas aconteceu em dois. Outra coisa é que o mundo está cada vez mais precisando de natureza e o Brasil é um dos poucos países que tem uma grande área de natureza ainda preservado, e quando a gente olha para o futuro de dez, vinte, trinta anos vem que há uma necessidade muito grande de o ser humano se reconectar com a natureza, então aí o Brasil tem um potencial enorme de reconexão, não só para os brasileiros, mas para o mundo todo. Então em termos de desenvolver o setor turismo e de agronegócio, especialidade voltado para quem já está aqui, como os indígenas. Esses são só alguns, mas também tem o clima, que que é muito bom. Então, assim, o Brasil tem muitos potenciais, é um baita país, na minha opinião, claro que tem problemas sócios-econômicos, mas que está mudando muito rápido. Tem a igualdade entre os sexos, entre homem e mulher, que está mudando muito rápido. E também um fator no fator diversidade o Brasil está também mudando muito rápido. Temos que dar voz a grupos esquecidos pela sociedade, de divergências raciais e também de orientação sexual. O Brasil está fazendo uma transformação muito rápida na direção de mais diversidade, que o resto do mundo pode aprender.

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Um ponto muito forte no País é o empreendedorismo. Esse fé um ponto a favor...

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Essa é uma das cartas que o Brasil tem na mão. Aqui a gente aprende, nós precisamos nós virar. Então, o Brasil tem esse movimento muito grande de empreendedorismo, que já está explodindo no País. E o Brasil já produzir vários unicórnios para o mundo e tem tudo para produzir muito mais, porque eu vejo muitas organizações, como CDL, Sebrae, Senai tendo grande foco em capacitar o brasileiro, para que vierem realmente empreendedores. Outra carta no mão é esse estímulo. Em contrapartida, temos vários países evoluídos onde os cidadãos esperam que o Estado cuide de todos. Aqui, no Brasil, não estamos querendo que o Estado cuide de todos, mas precisamos virar, e estamos virando.

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De que forma a tecnologia 5G pode impactar nas empresas e na economia?

É um facilitador muito grande, pode ser um facilitador muito grande, de muito coisas. Mas a nossa análise que está precisando acontecer é criar algumas estratégias de longo prazo compartilhadas, porque poucos lugares no mundo tem isso, e Brasil pode sair na frente, se houver essa associação entre o setor público e privado, com visões estratégicos de como atingir todo o potencial via 5g. Mas para isso acontecer precisa ter um debate compartilhado na sociedade de como vamos fazer a infraestrutura de dados, que dados podemos compartilhar, como disponibilizar os dados para microempreendedor, e como ele pode usar esses dados para a construção do Futuro.

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Ela aumenta as possibilidades?

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Sim, a aplicação de 5G vai aumentar exponencialmente as possibilidades de conectividade e de serviços ligados a isso, como o monitoramento de segurança e a telemedicina. Há muitas soluções de privacidade de dados e reconhecimento facial, entre outras, que vão ser disponibilizadas para o bem e para o mal da saúde preventiva, da segurança, do monitoramento de trânsito e de climas. A integração desses serviços precisa ser desenvolvida pelo estado em conjunto com empresas privadas, e o mais importante é que os dados sejam disponibilizados para que vários fornecedores desenvolvam soluções como aplicativos de transportes, de medição de água e esgoto, de telemonitoramento para medicina, etc. Isso tudo, vinculado ao conceito de smart cities, se torna um facilitador para as cidades regenerativas, com uma infraestrutura baseada em centros de controle.

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O que é essencial para o Brasil?

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No meu ponto de vista é essencial para o Brasil virar o grande que merece ser é não olhar para fora do Brasil, para ver o que outros países estão fazendo, na percepção mais avançada, não, o Brasil tem que olhar para dentro para descobrir os caminhos para o futuro, tropicalizado para Brasil. Isso é muito importante porque sempre se questiona ah, mas como vamos fazer o futuro da mobilidade no Brasil e se olha para fora, para ver o que eles fazem e fazermos aqui. Mas essa não é uma abordagem correta. Precisamos solucionar nossos problemas aqui no Brasil dado as novas tecnologias que estão disponíveis aqui. Não precisa olhar para fora, mas olhar para dentro para descobrir os caminhos para Brasil.

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E qual o papel da educação nessa construção de futuro?

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Isso nos preocupa muito, porque uma das coisas mais vitais para nosso futuro é a educação, é preparar pessoas para o futuro. E, ao olhar para o futuro, vemos muita incerteza. Ninguém sabe quais serão as habilidades necessárias para se ter sucesso no futuro. Nós achamos que nosso sistema de ensino precisa passar por uma mudança de paradigma. Não faz o menor sentido a forma como ensinamos hoje. Em primeiro lugar, temos um bloco enorme de educação no início da vida e achamos que vamos aprender um ofício e trabalhar com ele o resto da vida. Não faz o menor sentido, porque estamos evoluindo tão rápido que precisamos nos atualizar cada vez mais. Chamamos essa tendência de explosão do conhecimento. Estamos acumulando e criando tanto conhecimento que o conhecimento que adquirimos na educação formal fica desatualizado muito rápido. Então acreditamos no conceito de aprendizado vitalício. É preciso haver uma mudança. A educação não pode se concentrar só no início da vida, mas ao longo da vida. Além disso, não devemos continuar ensinando habilidades fixas. Devemos fazer nossos jovens e também os mais velhos aprenderem a aprender, o que chamamos de metacognição. As disciplinas não são tão importantes; o mais importante é ter professores e um sistema que apoiem e facilitem a evolução da curva de aprendizado de cada aluno. Não importa tanto o que aprendemos, mas a habilidade de aprender a aprender para continuarmos aprendendo o resto da vida.


29 de junho de 2022

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